quarta-feira, 26 de junho de 2013

Passa a hora (2005)

Passa a hora, chega logo, estou com pressa. O relógio me desperta numa manhã cinzenta, gritando ao meu ouvido que já está na hora de acordar e ir trabalhar, trabalhar, trabalhar e trabalhar.
O dia passa, as horas voam, o trabalho se acumula e eu não vejo a hora de chegar. Chega a reunião, chega mais trabalho, chega o chefe e não chega o meio-dia.

Meio-dia é hora de parar. Parar para descansar? Nem em sonho, é hora de almoçar, empurrar um lanche, já que a fila do banco é imensa e nunca chega a minha vez.

Chega dessa vida! Um pensamento se sobressai em meio a tantos outros carregados de problemas, ansiedades, dúvidas e paixões.

Apaixonada pelo trabalho. Paixão cega, absoluta, relação desgastada, ciumenta, prisioneira.

Vejo meus sonhos presos numa gaiola trancafiada em algum porão desse mundo. Mas não há tempo para pensar. O telefone toca, o cliente espera e eu só espero conseguir chegar ao fim de mais um dia.

Passa a hora, chega logo, estou com pressa de chegar em casa.

Chega dessa vida. Chega desse dia. Quero descansar. Dormir e sonhar. Libertar um daqueles prisioneiros da gaiola, até o sol raiar na minha janela e o relógio novamente gritar: Acorda! Passa a hora, chegou logo, tenha pressa! Um novo dia vai começar!